Clarissa Moura
bahstidores@yahoo.com.br
Hoje pela manhã um texto me chamou muito a atenção e gostaria de compartilhar com vocês. O amigo Léo Ribeiro, o qual sempre usa muito bem as palavras para expressar ideias bastante parecidas com as minhas, publicou o texto em seu blog "TCHE SOMOS TODOS ERMÃOS"... trazendo a tona um assunto bastante delicado que sempre gera muitas discussões, Léo Ribeiro com propriedade abordou muitíssimo bem o assunto e por isso transcrevo abaixo para vocês:
Por Léo Ribeiro
TCHE SOMOS TODOS ERMÃOS
Tem dois ditados meio antagônicos que dizem assim: "O olho do dono é que engorda o boi", ou seja, a pessoa responsável tem que estar por perto para que a coisa ande de verdade. O outro diz assim: "Enxerga melhor quem longe está", isto é, não se envolvendo demais, tem-se uma visão maior e melhor do que está acontecendo.
É este segundo ditado o "mote" para algo que já penso há tempos.
Como ando meio distante de nossa querência, mas sem afastar-me espiritualmente deste Rio Grande velho, pude bombear mais fortemente algumas coisas que nós, gaúchos cultores dos costumes do sul, estamos fazendo errado. É o seguinte:
Estamos, atualmente, meio tipo chimangos e maragatos, quer dizer, peleando entre irmãos! Isto não é nada bom para nossa tradição (embora tenha quem se beneficie desta peleia familiar).
De um lado, estão àqueles que criticam forte e costumeiramente o MTG por tudo que esta entidade faz de errado, esquecendo-se, muitas vezes, das coisas boas que o Movimento promove e coordena.
Do outro lado está o próprio MTG que critica os "bombachas estreitas", os lenços coloridos, os tipos de encilhas, enfim, todos que não rezam por sua cartilha.
Bueno! Aí é que eu digo que estamos nadando de poncho contra a corrente, estamos dando tiro no pé, estamos malhando em ferro frio.
O gaúcho que ama nossa terra de verdade, que cultua nossos costumes, da forma que for, tem que mudar seu foco, unir suas forças e pelear por coisas de fundamento.
Enquanto ficamos neste embate MTG x Não Tradicionalistas, as autoridades estaduais que deveriam apoiar oficialmente a Tradição Gaúcha, saem de lombo liso e dando risadas. Sabemos de dezenas de projetos e leis água-com-açucar que foram aprovadas, mas que não levam a nada além de simbologias. Exemplo do que falo:
- A brinco-de-princesa é a Flor Símbolo do Rio Grande; O chimarrão é a Bebida Oficial do Gaúcho; O churrasco é isso, o cavalo crioulo é áquilo, e assim vai...
Eu quero uma Lei, com L maiúsculo, dizendo que a Tradição Gaúcha é a cultura oficial do Rio Grande do Sul e que se destine apoio verdadeiro a projetos respectivos pois, cá entre nós, o que fazem com o IGTF é uma piada.
Mas como ficaria nosso querido governo com os carnavalescos e outras mini-culturas alheias ao Rio Grande, não é verdade? Por isto que eu digo: enquanto ficamos neste lero-lero de rastra ou cinto com guaiaca, de bota preta ou amarela, de lenço curto ou comprido, os Conselhos de Cultura, municipais e estaduais, na sua grande maioria compostas de pessoas que detestam os "gauchinhos", da seara do teatro, do cinema, etc... vão negando apoio a qualquer projeto tradicionalista.
Vamos nos respeitar, vamos conviver! Quem acha que o MTG está correto, que se filie a ele. Quem acha que não, que siga livre com o seu pensar, com o seu vestir, com o seu cantar, mas respeitando esta entidade (que não é pública). Enquanto isto, que o MTG também tenha consideração pelo modo gaúcho de viver daqueles que não trazem no bolso seu Cartão de Tradicionalista.
Vamos redirecionar os esforços de todos os gaúchos, de todas as classes, e tentar mostrar às autoridades constituídas que a Tradição Gaúcha é uma mina inexplorada e que pode ser um portal de entrada à industria sem chaminés chamada turismo. Que se direcione apoio de verdade a cultura gaúcha e não fique limitado ao governador, com muito esforço, botar uma bombacha e abrir o desfile farroupilha em Porto Alegre. O Rio Grande e sua história merecem muito mais que isto. Disse, mas repito:
- Temos que pelear unidos por nossas tradições!
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