Por Aninha Pires
Venho de uma família que aprecia muito a música, em especial a nativista, e desde que me conheço por gente freqüento CTG’s, participando dos eventos, invernadas e inclusive de concursos de prendas chegando a ser prenda mirim da 6ªRT. Declamava, tocava um pouco de violão e até “arranhava” algumas marcas na gaita pianada ou botoneira, mas não levei isso adiante, apenas me dediquei à interpretação vocal.
No final dos anos noventa, comecei a participar de rodeios artísticos como intérprete solista vocal, chegando a participar da última edição do antigo FEGART, já em Santa Cruz do Sul, e de mais dois ENART’S nesta bela cidade pela qual guardo muito carinho.
Lembro como se fosse hoje do nervosismo de pisar no palco dos “solistas vocais” e percebo que isto não acontecia só comigo pois recordo de nomes que hoje são destaque na música nativista e que transpareciam a mesma ansiedade em demonstrar aos jurados o que tinham de melhor. De fato no ENART nasceram e nascem nomes importantes do nativismo como Rogério Melo e o gaiteiro Luciano Maia, que são desta época que relato.
Toda essa aprendizagem que tive, vinda das “escolas- CTG’s” hoje busco levar aos palcos, desde a indumentária, a seriedade com o meu trabalho e a escolha certa do repertório que visa valorizar e divulgar nossos usos e costumes. Por isso vejo que este evento teve, sim, muita importância na minha formação como intérprete e posso afirmar que isso ocorreu com a maioria dos músicos e cantores nativistas.
Por conseqüência, é muito forte a ligação entre o ENART e os Festivais Nativistas não somente pelo fato de os músicos dos nossos festivais terem passado pelas diversas modalidades do evento . Quando selecionava os temas para interpretá-los na modalidade intérprete solista vocal, eu “revirava os bolachões” de Califórnias, Jerras, Terra & Cor, Círio, entre outros festivais, para buscar temas para defender, era nos festivais que buscava a aguada, a inspiração em seus intérpretes. Desde então já tinha a certeza de que um dia eu queria pisar em um palco de festival.
Há pouco tempo, retornei a linda Santa Cruz do Sul para apreciar o evento e tive a grata surpresa de ver novas intérpretes defendendo temas de minha autoria ou que estão gravados na minha voz. Naquele instante passou em minha memória todo o caminho trilhado e percebi que não há reconhecimento e emoção maior. Por tudo isso sou muito grata a aprendizagem que tive junto ao Movimento Tradicionalista Gaúcho e posso afirmar que o ENART é o grande berço dos Festivais.
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