A epopéia d’O Gaúcho Martín Fierro, escrita em duas partes, em
1872 e 1879, por José Hernández,
é patrimônio cultural da Argentina e da região fronteiriça do Rio Grande do
Sul.
Suas quase 400 estrofes narram em rima e métrica a vida do gaúcho do
pampa argentino que perde sua liberdade ao ser convocado à força para servir ao
exército. Vítima da arbitrariedade, Fierro, em pouco tempo, deserta e, ao regressar
para o lar, não encontra a casa e a família. Desesperado, o desertor e payador– trovador – torna-se um
fora-da-lei.
Elementos líricos e satíricos, em unidade de forma e conteúdo,
sintetizam de maneira magnífica a representação de um homem em dada época e
lugar.Ao tratar a vida, a morte, a injustiça, o sofrimento, a crueldade, a violência,
a liberdade e o destino, Martin Fierro se destaca na literatura argentina do
final do século 19, tanto pela temática quanto pela linguagem popular.
A mais nova versão de Martín Fierro, do paranaense Ciro Correia França, chega aos leitores
em caprichada edição da Travessa dos
Editores,com patrocínio da Itaipu Binacional. Autodidata, assim como
Hernández, Ciro França deu a seu Fierro uma ginga bem balanceada, preservando em
muitos momentos o linguajar mestiço de nossa fronteira. A edição de 608
páginas, a primeira bilíngüe ilustrada do Brasil, traz todos os 46 cantos de
Martín Fierro interpretados pelo traço forte do desenhista e também paranaense Osvalter Urbinati.
“Traduzir um clássico é um ato de coragem, no que se incluem ousadia e
risco. E se o livro é um épico, onde o erudito e o popular estão ligados como unha
e carne, essa tradução pode ser considerada ainda mais atrevida”, diz o crítico
de literatura e editor da obra, Mário Hélio
Gomes de Lima.
Mário Hélior essalta que cada tradução reflete tanto o texto original
quanto o que há de autoral nas soluções que propõe com quem ele trabalha numa outra
cultura e noutra língua. E se essas línguas e culturas estão próximas – literalmente
na fronteira – que é o caso do espanhol e do português, da Argentina e Rio
Grande do Sul (e do Paraná), ainda mais difícil e verdadeiramente ‘épica’ é a
façanha”, explica.
Os
versos do Martín Fierro têm a métrica, o ritmo e o modo de rimar da poesia tradicional.
Seus ‘parentes’ próximos são, portanto, o repente e o cordel, além das várias formas
que assumiram canções e baladas na Europa medieval. Ciro França reuniu o
conhecimento erudito dessas literaturas e o conhecimento das mais variadas versões
do poema para fazer algo muito próprio e novo.
O lançamento
Apresentar o livro ao público, exigiu algo muito próprio e também inovador.
A escolha do grupo O Círculo para uma leitura pública de trechos de Martín Fierro foi a melhor alternativa
para dar voz ao poema e, mais que isso, contextualizá-lo.Ao ‘conversar’ com a
obra do poeta regionalista gaúcho João Simões
Lopes Neto e do antropólogo, historiador e escritor potiguara Luís da Câmara Cascudo, Martín Fierro tornou-se
ainda mais próximos de nós, brasileiros.A leitura “Terras Inóspitas; Martín
Fierro, o vaqueiro do rei e o contrabandista” foi concebida por Flávio Stein,
diretor de O Círculo, e costura de maneira magnífica, ao encontrar similaridades
e pontos comuns, as culturas brasileira e argentina. As apresentações, nos dias
15 e 16 de junho, na programação do Ministério da Cultura para a Copa 2014,
foram muito bem recebidas pelo público.
Serviço:
“O Gaúcho Martín Fierro”
Tradução de CiroCorreiaFrança
Ilustrações de OsvalterUrbinati
Travessa dos Editores
608 páginas
Preço: R$ 95,00
O Gaúcho Martín Fierro
Assessoria de imprensa
PrimeiraLinhaComunicação
IsabelaFrança/ValériaAuada
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