Semana Farroupilha: a final de contas por que ela existe até hoje?

Clarissa Moura
bahstidores@yahoo.com.br


Nós gaúchos temos o mês de Setembro como o mês “mais gaúcho” do ano, em função dos Festejos Farroupilhas, comemorados oficialmente em todo o estado do dia 13 ao dia 20. Mas por que será que esta semana ainda existe?

Nossa história conta que a Semana Farroupilha teve início em 1947, quando jovens estudantes, oriundos do meio rural, de todas as classes sociais, liderados por Paixão Côrtes, “criam um Departamento de Tradições Gaúchas no Colégio Júlio de Castilhos, com a finalidade de preservar as tradições gaúchas, mas também de desenvolver e proporcionar uma revitalização da cultura rio-grandense, interligando-se e valorizando no contexto da cultura brasileira. Servia ainda, como contrapartida ao americanismo exacerbado existente na época, onde os usos e costumes do povo gaúcho estavam sendo extintos”. Assim se explica o nascimento desta Semana que mais tarde veio marcar o calendário oficial do estado.

Na época, o “grupo dos oito” sentiu a necessidade de preservar as raízes do nosso povo que pareciam estar sendo “engolidas” pelo americanismo.  Portando, diferente do que muitos pensam a Semana Farroupilha não surgiu para exaltar a “Revolução Farroupilha”. Claro que durante os Festejos, a revolução sempre vira “pauta de discussão”, mas será que é isso que mantem a Semana viva até hoje? Penso que SEMANA FARROUPILHA é muito mais que "endeusar" a Revolução, digo ainda que acho um pensamento muito pequeno "focar" apenas nessa questão.

Vejo a SEMANA FARROUPILHA, de 66 anos atrás e a que vivemos hoje, como um momento para nos dedicarmos ao culto as nossas tradições, já que muitos não pensam nisso durante o ano. Comparo a Semana Farroupilha, ao dia da Árvore, do Índio, Páscoa, dia da Criança, dos Pais, das Mães, Natal, marcado e oficializado no calendário, para ser um momento de reflexão. Uma Semana dedicada a pararmos e pensarmos de onde viemos e como isso tudo se constituído, momento para "LEMBRARMOS QUE SOMOS GAÚCHOS".

Apesar do grande número de entidades que temos dedicadas a cultivar nossas tradições, o mesmo “americanismo” que parecia “engolir” os costumes e as tradições do Rio Grande em 1947 está presente nos dias de hoje e cada dia ganha mais força com o “modismo” e as “tecnologias”.

Talvez este seja um dos motivos da SEMANA FARROUPILHA existir até hoje, pois cada vez mais precisamos desse momento, em que nossas tradições viram o "centro das atenções" de todos os Gaúchos. Mas isso não quer dizer que eu "endeuso" a Revolução, muito menos os heróis, até porque concordo em muitos pontos com os historiadores que mostram a "outra face" da Revolução, e tenho minhas opiniões bastante contrárias a muitos dos ditos heróis.