quarta-feira, 24 de abril de 2013

ESCRITOS DE TERRA - Reponte Linha Campeira

ESCRITOS DE TERRA
(Lavras do Sul e Pelotas)
Ritmo: Milonga
Letra: Gujo Teixeira
Música: Cristian Camargo

Meus silêncios  são de terra
meus cavalos, são de campo
e a morte que sabe tanto
um dia, há de apartá-los.
Pela intenção dos cavalos
eu renasço todo o dia
quando a vida se anuncia
no canto largo dos galos.

Minhas razões são de terra
para cantar campo e gente
tenho cismas de enchente
murmúrios de sanga rasa.
Quando a palavra extravasa
se afirma em seu conteúdo:
- Se for preciso, diz tudo
depois, retorna pras casas.

Meus gateados são de terra
beberam a cor do açude
talvez, o tempo não mude
o quanto me faz querê-los.
Mesmo sangue, mesmo pelo
e uma razão ancestral
de, entre o bem e o mal 
ter a alma por sinuelo.

Minhas visões são de terra
que fecho os olhos pra vê-las
tenho lumes de estrelas
guardados, pra noite escura.
Me batizei nas lonjuras
pra entender que preciso
ser, bem mais do que diviso
entre o querer e a procura...

Meus arreios são de terra
qual o banco que me sento
onde o estrivo é o sustento
a um par de botas surradas.
“Tenho muito, e tenho nada”
de tanto que fui verdade
e andei povoando a saudade
quando provei as estradas.

Meus escritos são de terra
aquerenciados no peito
ressurgidos pelo feito
de serem da mesma casta.
Tenho a mirada tão vasta
pelo chapéu, pelo freio
e assim, quando me apeio
sou terra e isto me basta...


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